Fixação Incontrolável





olho
olhar de desejo
aponto
apontar sua cobiça
afago
afagar teus suspiros
pego
pegar seus lampejos
sinto
sentir seu carinho
sumo
sumir em teus braços
toco
tocar seu intimo
gozo
gozar de prazer 

"Continuarás a retalhar, sem mais..."

Chuva ideológica

Uma tragédia como a da região serrana do Rio iguala ricos e pobres na dor, nas perdas, no desamparo. Os únicos que ficam imunes são os plantonistas do bem.

Esses já sabiam de tudo. Estava na cara. Enquanto todos se deprimem, eles se agigantam, desfilando sua indignação triunfal contra tudo isso que aí está.

Omissão, incúria, cinismo e, é claro, falta de vontade política. Os culpados pela tragédia são prontamente carimbados com todos os lugares comuns da vilania.

Os plantonistas do bem sabem quem são os culpados. São, em primeiro lugar, os governantes – esses seres insensíveis que não tiraram as pessoas do caminho da enxurrada.

No clima da contagem de corpos, os governantes irresponsáveis logo viram assassinos. Para que economizar?

Deviam estar todos na cadeia. A começar pelos que deixaram a cidade de Friburgo ser erguida onde foi. A julgar pelo alcance dos estragos ali verificados, quem estava em área de risco era a cidade inteira.

Como ninguém notou isso em quase 200 anos?

Quase ninguém. Os plantonistas do bem sabiam de tudo.

Em segundo lugar, a culpa é dos políticos. Sempre eles. Dentro ou fora dos governos, convencem cidadãos inocentes a lhes darem seus votos e desaparecem na primeira chuva.

Em terceiro lugar, a culpa é do aquecimento global – isto é, do capitalismo.

Definido o ranking de culpas, os virtuosos, que não têm nada com isso, podem sair por aí apontando o dedo para os vilões e praticando o doce esporte da indignação a fundo perdido.

Os críticos permanentes do sistema estarão sempre com a cabeça fora d’água. É o único lugar realmente seguro do planeta.

Mais Uma Dose de Você



A solidão hoje
se alojou em minha alma
Tomou posse do meu ser,
da minha vida
Sinto um frio por dentro,
tomando conta de mim
Um vazio intenso,
que aumenta a cada minuto
É como se tudo
que existe dentro de mim
se apagasse e ficasse um buraco
Como se todas as experiências,
as lembranças, as conquistas
não existissem mais
Como se tudo que eu vivi
até agora tenha sido em vão
Que força é essa que me
domina nesse momento?
Que não me permite resistir,
que tira meus sentidos
Que sentimento é esse,
que me deixa triste e inerte?
Preciso do antídoto
Um antídoto único
Um antídoto forte e avassalador
Um antídoto chamado você...

"Continuarás a retalhar, sem mais ..."

Parede suja.Chão sujo

Parede suja chão sujo
vidas despedaçadas ao léu
carnificinas e sadismos à mostra
vidas sendo vomitadas diariamente
ratos e baratas fazendo revolução
passividade e conformidade
ditam o dia-a-dia da sociedade
Busca incessante do gozo infinito
egoísmo como nosso melhor amigo
assassinato morte homicídio
o destino inevitável da humanidade

Bolso Cheio

Tenho mesmo muita sorte
e posso viver nesse luxo
porque tenho o bolso cheio
de sonhos....
é o meu universo
mesmo com a bolsa vazia
porque tenho o bolso cheio
de sonhos...
ou:
sem mais dinheiro no banco
sem mais a quem agradecer
o que é que eu vou fazer?
o que é que eu vou fazer:
vamos apagar as luzes e
dormir.

Trecho de - Bukowski, Charles; Notas de um velho safado, pag 67.

Em Que estado você se encontra?

Uma situação nada agradável, a natureza as vezes é voraz e não pede licença. Vários mortos e famílias inteiras desabrigadas, um panorama apavorante na região serrana do RJ.
Enquanto isso, nossa mídia, impressa e visual, não perdoa, para abocanhar audiência, ao invés de cobrar e ficar na bota dos governantes, prefere mostrar o rosto de uma meiga criança que mal sabe o que esta acontecendo. E para "alegrá-la" pergunta pra ela onde estão os seus pais, que muito provavelmente estão mortos e soterrados, cenário perfeito da vida real, público "adora" ver desgraça, lamentar e perguntar "Por que?". E nosso "querido" governador, a última foi decretar luto de 7 dias, antes do estado de calamidade e, bem antes, do estado de emergência. Cadê ajuda? Cadê a água? Cadê a comida? Cadê o amparo a essa gente humilde? E vossa excelência, está em estado de que?

O Amor sem Igual de um Plebeu




Me ame como eu te amo
Me escreva,
Fale o que sente
Direi,
O que minha paixão me faz
Faça amor comigo
Diga palavras de carinho
Eu direi o prazer que sinto
Em sua pele quero tocar
No seu prazer eu quero estar
Olhando nos seus olhos e poder dizer
Que te amo ....

"Continuarás a retalhar, sem mais..."
Autor, Diego "Lugano"


Escolho o ódio

Vi o ódio
Olhei-o nos olhos, encarei e baixei a cabeça
Forte, seguro e nítido,
Cruel e dissimulado
O que eu vi?

Vi a maldade
Agora, sei que diziam a verdade
Indestrutível e indissolúvel,
Competente, infalível.
O que foi visto?

Mas aqui misturo os dois. E confundo.
Misturo meu ódio à maldade alheia.
O competente é a maldade
O ódio é caos
O infalível é a maldade
O ódio a isso é o que nunca deve ser dissolvido.

Vi ambos
Maldade real e de uma pequenez indescritível.
Calma, fria e instigante
Maldade que não permite explosões
Detem o controle
Pisa, humilha
O ódio, apenas vislumbrei,
Sua face não me é estranha,
Já o havia visto de relance.

Maldade com ou sem limites?
Torço para nunca descobrir a resposta.

Autor, Raylson Bruno

Satisfação do Carinho Ofertado



Possui-la,
Seus desejos mais obscenos
Meu Beijo
Molhado e fascinante
Sua alma,
Arde como um fogo
Teu corpo,
querendo o máximo de prazer
Apaixonou,
Como uma droga,
Esperando, ofegante pedindo...


"Continuarás a retalhar, sem mais ..."
  Autor, Diego "Lugano"